Nesse período de vestibular, é impossível passar em locais de provas, ver aqueles jovens e não se emocionar, sou advogada há muitos anos, pra ser mais exata entrei no mundo jurídico em 2003, e conclui a graduação em 2008, ou seja, são 20 anos respirando em ambientes jurídicos, e obviamente já encontrei diversos tipos de profissionais, desde os mais apaixonados, aqueles que em uma corriqueira peça de juntada de comprovante de endereço, a elabora de forma irretocável, e até mesmo aqueles que pouco se importam se o prazo fatal se aproxima.
Não sei se em todas as profissões são assim, mas quando assisto uma aula ou acompanho uma audiência, é fácil perceber quando se está ali de forma técnica, e quando o coração pulsa, não é preciso amar o Direito, pode-se trabalhar na área e ser blasé, mas meus queridos, quando estamos diante de um profissional seguro a diferença é abissal.
Aliás, mais que entusiasmados, o real profissional atual na área jurídica é sobretudo um comprometido, ele estuda, lê, pensa, repensa, ao atender um cliente elabora todo o processo e seus possíveis desenrolares.
Lidar diariamente com o problema do cliente, e ainda ter como sombra a comparação de outros tantos profissionais não é fácil, afinal, o curso continua sendo um dos mais procurados, mesmo com 1 milhão e 300 mil advogados inscritos na OAB, atualmente o Brasil é o país que mais tem advogados por habitantes no mundo, então ao considerarmos um mercado visivelmente saturado, qual o motivo da intensa procura?
Então vamos lá, tentei trazer algumas possibilidades, dentre elas está a que eu menos gosto, mas admito que faz parte do universo jurídico o i Status e Prestígio Social, afinal advogados e juristas são vistos como profissionais respeitados e influentes na sociedade. Ainda temos a ii Diversidade de Oportunidades, afinal os bacharéis em ciências jurídicas podem trabalhar em escritórios de advocacia, empresas, setor público, ministrar aulas, organizações não governamentais, dentre outras áreas. Esse tópico localizei em buscas, e normalmente são destinados aos concursados em cargos públicos, afinal quem vive da advocacia em sua imensa maioria não tem iii Estabilidade Financeira.
Agora a iv Complexidade Jurídica, o desafio de cada demanda, isso sim, deve ser um atrativo para os estudantes que gostam de lidar com problemas intelectuais difíceis, que envolvam análise crítica e raciocínio lógico.
Entendo também que mesmo com o assustador e crescente numero de advogados, a v Demanda por Profissionais jurídicos segue em ascensão, o Direito se adapta a contemporaneidade, e o que não falta são mudanças, atualmente temos o direito digital, reconhecimento de paternidade socioafetiva, os crimes cibernéticos, todas as reformas previdenciárias, trabalhistas, enfim, demanda jurídica sempre haverá.
Após refletir sobre o assunto, vejo que o curso de Direito é um dos mais concorridos há tantos anos devido a uma combinação de fatores, desde a sensação (ilusória) de status, até a inquietude de resolver, procurar brechas, e desenvolver uma tese que seja aceita. Mas independente do caminho que leve o profissional a estudar por tantos anos, e ainda ser testando em uma das provas mais desafiadoras, eu desejo que não percamos o brilho nos olhos, a paixão pela área, e que possamos nos emocionar ao presenciarmos o Direito sendo aplicado com a ética, e a seriedade que lhe é intrínseca.
